sexta-feira, 8 de abril de 2016

Médium - Incorporação não é Possessão


A primeira vez em um templo de umbanda somos levados a momentos de embriaguez sensorial, a curimba dando ritmo, incenso, velas, orixás, guias, entidade incorporada, pronta para interagir, prosear com você e benzê-lo. A incorporação é a única maneira de um espirito imprimir seus trejeitos, voz e movimentos ao médium, a Umbanda surge, desenvolve e mantem-se pela mediunidade, está em constante desenvolvimento da percepção, primeiramente intrínseca.
Essa obra trata os receios, medos, frustrações, cutuca tabus e dissipa mitos, aprendemos a lidar com os desafios psíquicos, emocionais e espirituais que a vida mediúnica impõe, ... sugiro que esvazio o copo, abafe o ego e repense, sua vida mediúnica.
O fiel adepto deve adotar aquelas verdades como suas, é preciso estudar e viver esta experiência, aprender coisas novas, desaprender coisas velhas. Desaprender é desapegar-se liberta-se, permitir um novo olhar.  " Esvaziar o copo é esvaziar-se, aprender a não comparar o novo com o velho ". Não basta desenvolver sua mediunidade, desaprender valores que não lhe servem mais, abandonar vícios, é preciso desenvolver um novo olhar, uma nova cultura.
As experiências vividas transformam, e ensinam a aprender a desaprender, seguir o curso do rio. Permita-se viver isso, com amor, siga seu coração e descubra o sentido da palavra coragem, de viver algo novo, buscar a verdade, aprender o novo e desaprender o velho.

" Quem não vem pelo amor, vem pela dor "
Vir pelo amor é fácil de entender, agora pela dor, merece reflexão, aqueles que buscam um sentido para a vida, procuram cura para suas dores físicas, morais, emocionais e espirituais, eles são médicos, psicólogos, padres, xamas, benzedores, sendo que a cura está dentro de você e não adianta procurar fora. A mediunidade é um dom e uma benção, a ser conquistada aí longo das encarnações, geralmente " o caminho da dor ", alguém geralmente sofre por ter mediunidade e não sabe como lidar com ela.
Quem vem pelo amor!!
O caminho do amor está presente na religião, que se encantaram com a Umbanda, se identificam com os rituais, viver sem dogmas, tabus ou preconceitos, descobrir a si mesmo suas limitações.
Descobrimos que nossos guias fazem, amar ao próximo como a si mesmo, incorporar é viver isso, quando o médium alcança a maturidade de dar consultas e passes espirituais, pessoas com dificuldades iguais as suas e acompanhar como eles tratam as dificuldades alheias, raramente um guia diz o que deve fazer de sua vida, eles ensinam a viver sua verdade. O sagrado baixa a terra, o divino incorpora e possui o iniciado, confundindo-se com ele mesmo, este transe místico mais primitivo e ao mesmo tempo mais lindo e fascinante, a mente deve apenas parar de pensar, parar de racionalizar, parar de teorizar.
Reflexões sobre a Mediunidade
A mediunidade não é um peso, mas um dom, muitos sentem dores e sentimentos em seu corpo, em muitos momentos sentimos que há algo de errado em nós, sentimo-nos deslocados do mundo, sentimos coisas que não conseguimos explicar, muitas vezes parece distúrbios, somos vistos como desequilibrados ou esquisitos, por que vemos, ouvimos ou sentimos o mundo espiritual.
Em primeiro lugar, desconstruir certos paradigmas com a realidade de uma mediunidade, sendo necessário passar a ver a vida de um ponto de vista integral, o médium precisa se autoconhecer, deve aprender a trabalhar suas dores, seus traumas, vícios e dificuldades.
Mediunidade é a capacidade de intermediar entre o plano material e o espiritual. Reconhecer é admitir que de alguma forma podemos sentir, ver ou interagir com o que está no plano espiritual.
Médium é aquele que intermedeia, traz informações, planos e dimensões espirituais, naturais, celestiais e divinos. Nem todos são médiuns de incorporação ou psicografia, alguns em sonho, por percepção ou intuição, sentir uma presença indesejada ou energia ruim, é mediunidade.

 Incorporação não é possessão
Na maioria das religiões, a incorporação, não é algo desejado, "entrar em transe", contra sua vontade é possessão, a pessoa está possuída. A palavra implica em tomado a força, uma agressão, no Catolicismo, alguém possuído é reconhecido como uma possessão demoníaca e o caminho é fazer um exorcismo. Nas pentecostes é costuma-se incorporar o espirito santo e falar em outras línguas, os evangélicos acham que exu e pomba gira são demônios.
Na Umbanda a incorporação é algo desejado, o médium quer estar incorporado, quer viver, admira e ama os guias espirituais e deseja proximidade, mas incorporar não é algo simples, não é para todos.  O médium em si é um templo vivo recebendo a visita de entidades dentro do que é sagrado e divino. A incorporação é algo ancestral e visceral no ser humano, não é possessão, é o pilar de sustentação da Umbanda, a religião nasceu da incorporação de um espirito chamado Caboclo das Sete Encruzilhadas em seu médium em 15 de novembro de 1908. A umbanda nasceu da prática e não da teoria, no entanto, precisamos da teoria para entender melhor a prática.

Indico a leitura na íntegra a todas as pessoas que gostam, interagem e se encontram na umbanda.

Postado por Alexandre Carvalho

quarta-feira, 6 de abril de 2016

O Magnetismo dos Orixás e a Coroa Divina

                        
Os Orixás com seus magnetismos atraem os seres que lhes são afins e repelem os que lhes são opostos. Essa propriedade magnética divina é mental e serve para dar polaridade às coisas criadas por Deus, que se unem gerando uma terceira coisa. As opostas se repelem se afastam, se anulam, mas servem para separar o que existe na Criação em positivos e negativos. Estudando descobriu-se que Deus exteriorizou-se de sete formas diferentes, 7 graus magnéticos, 7 planos, 7 Mistérios de Deus, que deram origem para Deus dar início a Sua Criação exterior, por possuírem suas Divindades formando uma Coroa Divina.
Esses 7 Orixás exteriorizados diretos por Olorum nem são masculinos nem são femininos, não são positivos ou negativos por que são indiferenciados. Mas, por seu magnetismo se fizeram de forma bi polarizada gerando, duas hierarquias divinas, diferenciadas em masculina e feminina, em positiva e negativa, sendo então 14 orixás, onde cada Orixá trabalha em 2 esferas distintas, a Universal e a Cósmica.
Mistério da Fé
Orixá da Fé
Oxalá e Oyá
Mistério do Amor
Orixá do Amor
Oxum e Oxumaré
Mistério do Conhecimento
Orixá do Conhecimento
Oxossí e Obá
Mistério da Justiça Divina
Orixá da Justiça
Xangô e Egunitá
Mistério da Lei Maior
Orixá da Lei
Ogum e Iansã
Mistério da Evolução
Orixá da Evolução
Obaluaiê e Nanã
Mistério da Geração
Orixá da Geração
Iemanjá e Omulu
Universal é aquilo que por natureza tem vibração irradiadora, polaridade positiva, não há esforço, apenas flui, independente de comando, Cósmica é aquilo que por natureza tem vibração concentradora, polaridade negativa, há esforço, se atrai e é atraído por algo externo, portanto cada orixá tem seu par energético (positivo e negativo).
Olorum é o criador do universo, é o próprio princípio, é Deus, é o princípio de tudo e está em tudo que criou, assim nós como espíritos recebemos os Orixás em nossa vida, alguns com mais intensidade e outros com menos, sendo necessário entender seus atributos.
É possível reparar que cada par energético se complementa nas ações de cada Orixá, sendo irradiador de um tipo de energia que toca alguém através do sentido associado a ele, assim percebemos que os Orixás são associados aos elementos da natureza terrestre. Essa bipolarização faz com que surja na Criação 7 irradiações bi polarizadas que na Umbanda, recebe o nome de 7 Linhas, conforme lemos:

Orixá
Atributo
Orixá
Atributo
Qualidade
Elemento
Oxalá
Magnetizador
Oyá
Desmagnetizador
Cristalina
Oxum
Agregador
Oxumaré
Diluidor
Amor
Mineral
Oxossi
Expansor
Obá
Concentrador
Conhecimento
Vegetal
Xangô
Equilibrador
Egunitá
Energizador
Justiça
Ígnea
Ogum
Ordenador
Iansá
Movimentadora
Lei
Eólica
Obaluaiê
Evolutivo
Nanâ
Decantadora
Saber
Telúrica
Iemanjá
Geradora
Omulú
Paralisador
Criatividade
Aquática
Observamos que nas 7 Irradiações há uma diferença do outro pelo elemento, mas devemos entender a complementaridade existente tanto entre suas funções quanto entre seus elementos, pois onde algo é gerado entra em desequilíbrio o seu polo oposto paralisa o processo de degeneração. Estudando-os como elementos da natureza terrestre vemos que água e terra são indissociáveis, pois onde um termina o outro começa; onde um torna árido o outro umidifica; onde um gera algo o outro dá sustentabilidade para que o que foi gerado desenvolva-se e adquira estabilidade.
Essa bipolarização obedece aos magnetismos específicos de cada um dos Orixás e faz com que surja na Criação 7 irradiações bi polarizadas que são descritas com muitos nomes, mas que, na Umbanda, recebe o nome de 7 Linhas. As 7 Linhas de Umbanda são bi polarizadas e cada Orixá ocupa nelas o seu polo magnético, distinguindo-o pelas suas funções na Criação.
Nas 7 Irradiações há um diferencial pelo elemento, devemos entender a complementaridade entre suas funções dos elementos, pois em desequilíbrio o seu polo oposto paralisa o processo de degeneração, assim os elementos da natureza terrestre são indissociáveis (terra e água), pois onde um termina o outro começa formando um par perfeito.
Portanto as bipolarizações das 7 Linhas de Umbanda não são puramente por elementos e sim por funções na Criação, podendo ser opostos (positivo ⁄ negativo), mas são complementares entre si. Quando recebemos as essências dos Orixás, elas são elementais, já foram polarizadas, surgindo 2 PÓLOS em cada uma delas, portanto temos 7 linhas, com 14 Orixás, que ocupam polos passivos e outros os ativos.
Os polos passivos e ativos, atuam sob a mesma irradiação, formando os arquétipos dos Orixás, assim vão se diferenciando e assumindo atribuições específicas, mesmo numa mesma irradiação, assim são 7 linhas, 14 pólos e 14 orixás assentados, esse magnetismo dos orixás são fundamentais para a estabilidade da Criação Divina:

Orixá
Atuação
Polo
Orixá
Atuação
Polo
Oxalá
Espaço
Ativo
Oyá
Tempo
Passivo
Oxum
Agregação
Ativo
Oxumaré
Diluição
Passivo
Oxossi
Espansor
Ativo
Obá
Concentradora
Passivo
Xangô
Temperatura
Passivo
Egunitá
Energização
Ativa
Ogum
Potência
Passivo
Iansá
Movimento
Ativo
Obaluaiê
Transmutação
Ativo
Nanâ
Decantação
Passiva
Iemanjá
Geração
Passiva
Omulú
Estabilidade
Ativo

Assim esses 4 orixás (Iansã, Egunitá, Xangô e Ogum), fazem uma troca entre si, onde o par energético para Xangô (linha da justiça), é Iansã (linha da lei). Ogum (linha da lei) faz par com Egunitá (linha da justiça), não existe FOGO sem AR, nem JUSTIÇA sem LEI, por isso entre os orixás, existe o complemento que um traz ao outro.

 A Umbanda sagrada é perfeita, o Orixá traz em si funções que transcendem o campo distinguido pela Irradiação onde está assentado. Os 14 Orixás assentados nas 7 Irradiações Divinas sempre atuam entre si por complementaridade e um não pode fazer nada sem que os outros.
Postado por Alexandre Carvalho