A primeira vez em um templo de umbanda somos levados a
momentos de embriaguez sensorial, a curimba dando ritmo, incenso, velas, orixás,
guias, entidade incorporada, pronta para interagir, prosear com você e
benzê-lo. A incorporação é a única maneira de um espirito imprimir seus
trejeitos, voz e movimentos ao médium, a Umbanda surge, desenvolve e mantem-se
pela mediunidade, está em constante desenvolvimento da percepção, primeiramente
intrínseca.
Essa obra trata os receios, medos, frustrações, cutuca tabus e
dissipa mitos, aprendemos a lidar com os desafios psíquicos, emocionais e
espirituais que a vida mediúnica impõe, ... sugiro que esvazio o copo, abafe
o ego e repense, sua vida mediúnica.
O fiel adepto deve adotar aquelas verdades como suas, é
preciso estudar e viver esta experiência, aprender coisas novas, desaprender
coisas velhas. Desaprender é desapegar-se liberta-se, permitir um novo
olhar. " Esvaziar o copo é
esvaziar-se, aprender a não comparar o novo com o velho ". Não basta
desenvolver sua mediunidade, desaprender valores que não lhe servem mais,
abandonar vícios, é preciso desenvolver um novo olhar, uma nova cultura.
As experiências vividas transformam, e ensinam a aprender a
desaprender, seguir o curso do rio. Permita-se viver isso, com amor, siga seu
coração e descubra o sentido da palavra coragem, de viver algo novo, buscar a
verdade, aprender o novo e desaprender o velho.
" Quem não vem pelo amor, vem
pela dor "
Vir pelo amor é fácil de entender, agora pela dor, merece
reflexão, aqueles que buscam um sentido para a vida, procuram cura para suas
dores físicas, morais, emocionais e espirituais, eles são médicos, psicólogos,
padres, xamas, benzedores, sendo que a cura está dentro de você e não adianta
procurar fora. A mediunidade é um dom e uma benção, a ser conquistada aí longo
das encarnações, geralmente " o caminho da dor ", alguém geralmente
sofre por ter mediunidade e não sabe como lidar com ela.
Quem vem pelo amor!!
O caminho do amor está presente na religião, que se
encantaram com a Umbanda, se identificam com os rituais, viver sem dogmas,
tabus ou preconceitos, descobrir a si mesmo suas limitações.
Descobrimos que nossos guias fazem, amar ao próximo como a si
mesmo, incorporar é viver isso, quando o médium alcança a maturidade de dar
consultas e passes espirituais, pessoas com dificuldades iguais as suas e
acompanhar como eles tratam as dificuldades alheias, raramente um guia diz o
que deve fazer de sua vida, eles ensinam a viver sua verdade. O sagrado baixa a
terra, o divino incorpora e possui o iniciado, confundindo-se com ele mesmo,
este transe místico mais primitivo e ao mesmo tempo mais lindo e fascinante, a
mente deve apenas parar de pensar, parar de racionalizar, parar de teorizar.
Reflexões sobre a Mediunidade
A mediunidade não é um peso, mas um dom, muitos sentem dores
e sentimentos em seu corpo, em muitos momentos sentimos que há algo de errado
em nós, sentimo-nos deslocados do mundo, sentimos coisas que não conseguimos
explicar, muitas vezes parece distúrbios, somos vistos como desequilibrados ou
esquisitos, por que vemos, ouvimos ou sentimos o mundo espiritual.
Em primeiro lugar, desconstruir certos paradigmas com a realidade
de uma mediunidade, sendo necessário passar a ver a vida de um ponto de vista
integral, o médium precisa se autoconhecer, deve aprender a trabalhar suas
dores, seus traumas, vícios e dificuldades.
Mediunidade é a capacidade de intermediar entre o plano
material e o espiritual. Reconhecer é admitir que de alguma forma podemos
sentir, ver ou interagir com o que está no plano espiritual.
Médium é aquele que intermedeia, traz informações, planos e
dimensões espirituais, naturais, celestiais e divinos. Nem todos são médiuns de
incorporação ou psicografia, alguns em sonho, por percepção ou intuição, sentir
uma presença indesejada ou energia ruim, é mediunidade.
Incorporação não é possessão
Na maioria das religiões, a incorporação, não é algo
desejado, "entrar em transe", contra sua vontade é possessão, a
pessoa está possuída. A palavra implica em tomado a força, uma agressão, no Catolicismo,
alguém possuído é reconhecido como uma possessão demoníaca e o caminho é fazer
um exorcismo. Nas pentecostes é costuma-se incorporar o espirito santo e falar
em outras línguas, os evangélicos acham que exu e pomba gira são demônios.
Na Umbanda a incorporação é algo desejado, o médium quer
estar incorporado, quer viver, admira e ama os guias espirituais e deseja
proximidade, mas incorporar não é algo simples, não é para todos. O médium em si é um templo vivo recebendo a
visita de entidades dentro do que é sagrado e divino. A incorporação é algo
ancestral e visceral no ser humano, não é possessão, é o pilar de sustentação
da Umbanda, a religião nasceu da incorporação de um espirito chamado Caboclo
das Sete Encruzilhadas em seu médium em 15 de novembro de 1908. A umbanda
nasceu da prática e não da teoria, no entanto, precisamos da teoria para
entender melhor a prática.
Indico a leitura na íntegra a todas as pessoas que gostam, interagem e se encontram na umbanda.